29 de jun. de 2013

Eu sou acomodada. Eu sou preguiçosa. Eu sou inútil.

Pensamentos de uma mente que é assombrada todos os dias. Não consigo entender o que acontece comigo. Eu me canso fácil. Por mais que eu tente mudar todos os dias, alguma coisa me prende. É como se algo imaginário não me deixasse evoluir, e eu fico aqui, presa no meu mundinho.Vinte e um anos, vinte e um anos na cara e sem dom nenhum pra nada. Não sou boa em esportes, não sou boa em música, não sou boa em artes, muito menos em exatas. Não tenho coordenação pra pintar unhas nem cortar o cabelo dos outros. Nada dá motivação pra tentar de novo, pois o pensamento de "você é ruim", "não vai dar certo", "você só estraga as coisas" logo vêm a mente. A vontade de escrever e os poemas/ textos ficaram todos abandonados em um caderno com o passar do tempo. Talvez até seja algo bom, já que nunca tive um certo dom pra escrever. 
Uma vida inteira baseada na falta de incentivo, do dinheiro fácil e de não dar valor as coisas. Talvez isso já venha de berço, primeiro por a minha mãe verdadeira nunca ter querido uma filha e tentado abortar de todos os jeitos, talvez por a minha segunda família ter mais problemas do que a que me abandonou. Uma vida inteira baseada em por quê diabos eu tô aqui? No "apenas arranje emprego um dia pra ser alguém na vida" Em ter descoberto o quê é e como funciona uma faculdade apenas no fim do ensino médio, e aquele lance de que tu nunca vai ter dinheiro pra ela e por não ter estudado, uma federal é uma opção inexistente. Aí o cachorro morre, a vó morre, o pai morre. Tudo dentro de um ano. As poucas forças que ainda restam se esvaiam com o tempo. A vida entra em um automático de um jeito mágico, tu só tá ali porquê precisa estar. Os teus amigos, os amigos de anos.. Eles se vão com a mesma intensidade que chegaram, tomando cada um o rumo da sua vida, estudando, trabalhando, fazendo novos amigos. Eu não sei mais fazer amigos, eu fico aqui no meu canto assistindo filme, seriado. Talvez seja o comodismo e a falta de vontade de ir a eventos sem sentido encher a cara que os afastam de mim, ou o fato de sempre querer a companhia do meu namorado, que é uma das únicas pessoas que ainda me fazem sentir um pouco de calor pelo meu corpo e algum sentido pra viver. Pode até soar clichê, mas é assim que eu me sinto. 
Aí nesse meio tempo vem as dívidas, o advogado, o inventário, a tortura toda que vêm com a morte e ainda o desemprego, e os meses de seguro. Meses que eu  podia ter procurado emprego, poderia ter guardado dinheiro, poderia ter investido. Mas não, eu troquei por algum jeito de ter felicidade nos fins de semana e até mais que isso. Eu gostaria de poder me arrepender, mas eu não consigo. Cada minuto intenso, vívido, cada arrepio valeram cada minuto e dinheiro. Pelo menos no meio de tanta tristeza algo me fez sorrir, algo que quando é vivido tira de mim a imagem nojenta que eu sempre vejo quando me olho no espelho, algo que me deixa ser feliz por ser eu, mesmo que por tempo limitado.Eu não consigo mais ver fotos minhas. Me sinto feia, me sinto triste. É como se tudo não passasse de uma máscara na qual eu escondo todos os meus pedaços quebrados, todos os meus defeitos.Sempre falta alguma coisa, sempre tem o vazio. Sempre tem motivo pra chorar. Eu queria mudar isso, eu não quero me sentir assim. Eu não quero me sentir esse lixo de pessoa que eu sou. Eu quero erguer a cabeça, me sentir bem, sair de casa com a certeza de que eu posso ser alguém na vida.