Um ano sem beijos, sem abraços, sem ser acordada em algum dia de manhã, no qual tinha ido dormir tarde no dia anterior.
Sem a "esmolinha" do fim de semana e a sacola de doces ou salgadinhos pendurados na maçaneta da porta.
Um ano sem reclamar por por ouvir as mesmas histórias, sem sentar na cadeira de balanço, sem alguém sentada na cama pra conversar comigo depois do trabalho.
Sem bolinho de chuva, sem panqueca, sem galinha com polenta.
Sem o "vou fazer arroz com leite, queres um pouquinho?", "não queres tomar um cafézinho nina?".
Um ano sem ajudar a atravessar a rua, um ano sem sentar no jardim ou na varanda, um ano sem ouvir tosse de madrugada.
Sem ajudar com o amendoim na páscoa, sem ajudar a embrulhar presente no natal, sem comprar bolo no aniversário.
Um ano sem "Por que tu não corta a franja? Fica tão bonito!", "Tu acha bonito o cabelo assim cortado? se bem que hoje em dia se usa assim né".
Sem ganhar cachecol, touca, toalhinha pra mesa. Sem ouvir o barulho da maquina de costura ou de ouvir a missa as sete da noite.
Um ano de tantas coisas que fazem tanta falta, coisas simples, coisas pequenas, detalhes.
Um ano de mais muitos que virão de saudade e lágrimas.
Um ano.